Pras quebradas do Tocantins, do Marajó, de Belém,
das vilas de Barcarena... Qualquer que fosse a quebrada, Vieira e seu conjunto estava
lá animando a festa com muita lambada na orelha do povo em meados da década de
1970.
Lambadas das Quebradas (volumes 1, 2 e 3), assim
são denominados os três primeiros álbuns gravados por Vieira e seu conjunto,
lançados, respectivamente em 1978, 1980 e 1981. A trilogia Lambadas das
Quebradas é a essência da música paraense do gênero que estouraria na década de
1980.
Essa trilogia tem certas características próprias: O
recorrente uso das maracas e a levada de bateria de Cassiano Pereira nas
lambadas que parecem ter, ritmicamente, uma intenção carimbó. Bem como alguns
temas de pouca letra e refrão em coro uníssono (embora nem sempre em uníssono, como
no verso "olha o mestre aí..." em Lambada do Mestre). E ainda os
temas do folclore, principalmente o amazônico: Lambada da Curupira, Lambada do Mapinguari
e Lambada do Fantasma. Além daquelas com uso de linguagem tipicamente
ribeirinha: “... Quem tem duas línguas é jacuraru/ quem tem olho grande é o
aracu...”; todas com um ar bem humorado, tal qual a personalidade do Vieira. Outra característica intrínseca a essa
trilogia é o som do baixo cujos ouvidos atentos percebem logo, à primeira
audição, que não está bem afinado. Conforme relatos do próprio Vieira e de
músicos que integraram o grupo na época, o baixo utilizado nessas gravações foi
construído pelo baterista da época, não possuía trastes e só tinha duas cordas.
Essa é uma longa história que foi contada pelo próprio baterista da época e
pode ser lida AQUI.
A respeito dos integrantes do conjunto nesses três primeiros
discos, é importante observarmos dois detalhes:
1.
No primeiro volume, todos os integrantes são
apresentados por apelidos, exceto o “band leader"¹.
2.
No terceiro, o baixista não é mais o mesmo dos
dois anteriores².
¹ Os relatos afirmam que isso aconteceu pela
dificuldade de contato entre a produção e a banda, pelo mesmo motivo, a arte de
capa do álbum foi improvisada, utilizando-se uma foto de um calendário de
parede. Assim, os músicos são apresentados na contracapa como:
Vieira - Guitarra solo
Coalhada - Guitarra base
Carequinha - Baixo
Cocada - Bateria
Papa-veia - Pandeiro
Sombra - Ganzá
Canela de vidro - Treme-terra
Quiabão - voz
Onde:
Coalhada= Honório
Carequinha=Celestino
Cocada=Pereira
Para-veia=Poça
Sombra=Vieira Filho
Canela de vidro=Oliveira
Quiabão=Magno
² Assim como no volume 2, a contracapa traz uma
nota sobre o grupo; nesta é mencionado o fato de ser outro músico tocando
baixo, só não explica que o Celestino, baixista dos álbuns anteriores, faleceu
e foi substituído por Luís Poça. Mas pelo que podemos observar ao ouvir, o
instrumento utilizado deve ter sido o mesmo.
Logo após a trilogia, Vieira gravaria um álbum que
se chama “Lambadas e Quebradas”, mas com outro nome, um pseudônimo, que nada
mais é do que seu último sobrenome seguido de um nobre título: Lima –
guitarreiro do amazonas. Este disco contém versões, ao estilo do Vieira, de
músicas de sucesso gravadas pelo lendário guitarrista Poly, do Poly e seu
conjunto. E pode ser ouvido AQUI
Ainda em 1982 foi gravado o álbum Melô da Cabra, que já demonstra melhor qualidade em produção. Não se sabe se foi lançado antes ou depois do "Lima", a própria memória dos que
participaram, após 35 anos, já não consegue nos responder.
Por André Macleuri
LINKS:
Lambadas das Quebradas vol. 1:
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Lambadas das Quebradas vol. 2:
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Lambadas das Quebradas vol. 3:
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