11° disco de Vieira, "Melô da Pomba"
(1989) foi o momento onde Vieira voltou a gravar no importante estúdio ERLA-
Rauland agora renomeado para "RJ" (neste estúdio na década de 70
ocorreram registros históricos dos primeiros LPs de Pinduca, Verequete, Cupijó,
Lucindo, Carlos Santos, Raimundo Soldado e do primeiro disco do próprio
Vieira). Após seis álbuns gravados no
estúdio da Gravasom, foi no estúdio da RJ que Vieira registrou seus últimos
discos na era analógica (além deste, "Lambadas e Cambará" de 1990 e
"40 Graus" 1991). Este é o primeiro LP de Vieira onde percebemos o
uso de uma bateria eletrônica (um pequeno indicativo de uma nova era que estava
prestes a chegar na década seguinte na área musical: a transição do analógico
para o digital). Destaco algumas faixas desse disco: "Guitarra de
Aço" (onde em certos momentos é possível notar no fraseado virtuoso de
Vieira uma nítida conexão com um dos seus ídolos, Waldir Azevedo), "Só Sei
Amar", "Rainha" e o brega que encerra o disco, "Na
Gafieira".
Na capa
deste disco temos uma representação simbólica tipicamente paraense e muito importante
para a cultura local: uma "Aparelhagem". Segundo Vieira me relatou,
esta aparelhagem pertencia a uma de suas irmãs. "As festas de
aparelhagem", como o próprio nome diz, são festejos onde temos enormes
caixas de som onde um ou mais DJs organizam a trilha sonora. Estas festas no Pará foram importantes para a
propagação da música caribenha (merengue e bolero - anos 60, cadence lypso -
anos 80), brega e guitarrada (anos 80/90), bem como o gênero tecnobrega, que surgiu
e propagou-se inicialmente pelas aparelhagens nos anos 2000. Essas mesmas grandes paredes com aparelhos de
som empilhados são encontradas em diferentes partes do mundo: no Maranhão temos
as "radiolas", na Colômbia os "Pícos" e na Jamaica os
"Sound System". O seminal
disco "Mestres da Guitarrada" de 2003 também tem em sua capa uma
aparelhagem. Foi inspirada no "Melô da Pomba"? A resposta é: sim!
Ps: Na extrema esquerda da capa temos um filho de
Vieira (bateria) e ao lado do mestre, agachado, está outro filho: Waldecir
Vieira, que após alguns anos se tornou o baterista oficial da banda do pai, mas
no disco está como percussionista. E Luís Poça (em pé a esquerda ) aparece como
o único remanescente do antigo grupo de Viera, Os Dinâmicos
LADO A
1. MELÔ DA POMBA
2. GUITARRA DE AÇO
3. NO SOM DO CAMBARÁ
4. CARINHANDO
5. PROGRAMADOR
6. SÓ SEI AMAR
LADO B
1. BEIJINHO DOCE
2. VAMOS DANÇAR O CAMBARÁ
3. PESCADOR
4. RAINHA
5. É BOM DEMAIS
6. NA GAFIEIRA
Nenhum comentário:
Postar um comentário