E mais uma belíssima imagem do acervo da Secretaria de Cultura de Barcarena: o uniforme original de Vieira e Seu Conjunto, usado na capa e show do disco Lambadas das Quebradas Vol. 3 (1981).
A partida de Joaquim de Lima Vieira, o Mestre Vieira, deixou todos nós fãs numa tristeza profunda, difícil de descrever em palavras. Mas vamos deixar aqui um texto do professor barcarenense Luiz Guimarães, publicado no seu facebook pessoal no dia 02 de Fevereiro de 2018, dia do falecimento do mestre. Uma Singela homenagem.
"Doutor Luiz Guimarães , o ""Professor Leno"" escreve:
Joaquim Vieira,
Foi assim que o conhecemos, vizinho de minha mãe e meu pai. Era famoso por consertar rádios antigos. Morava ainda na Cronje da Silveira. Nessa época era apenas um homem simples e curioso. Estávamos nos meados dos anos 70, até ali ele era somente “seu Joaquim”.
Um dia, meu irmão chegou em casa trazendo um LP com a imagem de umas passistas de escola de samba, dizendo olha que o irmão do seu Izídio lançou. Era o “Lambada das Quebradas” primeiro disco do “seu Joaquim”, que agora se transformara no “Vieira e Seu Conjunto”. Daquele ano de 1978 em diante, vimos o nosso vizinho se tornar um artista. Não havia um só ano que meu irmão Manoel não comprasse a cada final de ano um novo LP do Viera e Seu Conjunto. Cresci ouvindo e vendo sua trajetória artística na cidade. E depois, assistindo as notícias dos feitos de seu sucesso para além do espaço de Barcarena.
Desde o “melo do Bode”, que segundo chegavam as notícias “estremeceram” o nordeste, o Vieira e Seu Conjunto ia aos poucos conquistando o Brasil, até suas andanças por Portugal, África, e tantos lugares por onde passou, não houve mais limite para aquele homem e sua guitarra elétrica. Nas capas de seus álbuns fazia questão de divulgar um lugar ou objeto especial da cidade. Fotografou o “Trapiche Municipal”, o barco da prefeitura “Eduardo Angelim”, “A praça da cidade”, “a Igreja Matriz” e até aparelhagens sonoras. Mestre Vieira foi sem dúvida, o maior divulgador de Barcarena nos últimos tempos. Nunca esqueceu das pessoas e dos acontecimentos da cidade em suas letras de música.
Não a propósito, mesmo depois de fazer grande sucesso. Não era incomum encontrá-lo pedalando sua bicicleta nas ruas da cidade, ou conversando com amigos enquanto aguardava sua vez de comprar o açaí da tarde. Homem simples, criticado por muitos por ser destituído de ambição. Não, esse era o jeito dele.
Contador de histórias, apreciador de futebol, jogador e músico. Não há quem resista, nem que seja com as pontas dos dedos a bater na mesa ao som do mestre.
Tive o privilégio de conhecer e conviver com “seu Joaquim”, com o “Mestre Vieira”, e depois com “o mestre da Guitarrada”. Guardo com muito zelo, lembranças que tive, mais uma vez o privilégio de receber de suas mãos.
Direi com muito orgulho, eu conheci o seu Joaquim de Lima Vieira, o mestre que inventou a lambada, depois transformada em guitarrada. Fui seu vizinho, seu amigo de trabalho, seu fã incondicional e eterno admirador.
Vá em paz, que por aqui continuaremos a admirar seu trabalho."