terça-feira, 20 de março de 2018


Vieira e Seu Conjunto 1987  - Link para o disco completo aqui:



Álbum de 1987 - o destaque para a Cúmbia e o Bandolim de Mestre Vieira


                Neste disco, além das inspiradas lambadas , bregas e o sempre presente bolero,  Vieira deu ênfase em um gênero latino que até então não havia  tido tanto destaque em sua discografia:  a cúmbia. No álbum de 1985, ele gravou "Vamos Dançar a Cúmbia",  e essa era sua única referência explícita ao ritmo, até aquele momento em sua carreira discográfica. Mas neste LP de 1987, Mestre Vieira trouxe três temas instrumentais cujo os títulos  se referem ao gênero:  "Bandolim na Cúmbia",  "Cúmbia da Saudade" e  "Cúmbia Nacional".  Uma motivação provável poderia ter sido o sucesso do músico Nonato Cavaquinho no ano anterior (1986) com o disco "Cúmbia Exportação" e o crescente interesse pelo público paraense pelo gênero naquele período? Fiz um questionamento diretamente  para Vieira  do porque do maior destaque das cúmbias especificamente nesse disco de 1987, e ele me respondeu sorrindo  que gravou o ritmo porque "gostava muito".
                Há outra característica  importante presente neste álbum a ser destacada: o uso do bandolim.  Esse foi o primeiro instrumento de Vieira, cujo aprendizado se deu na infância, em fins da década de 30.  Até chegar na guitarra elétrica definitivamente nos anos 70, o mestre passou por inúmeros instrumentos acústicos como banjo, cavaquinho e violão . O Bandolim  é utilizado nas canções  "Bola Preta", na já citada "Bandolim na Cúmbia" e no brega "Tempo de Amar". E nesta música temos mais uma inovação de seu Joaquim Vieira:  é o primeiro brega instrumental  com um bandolim solista que temos notícia.  E ainda há na mesma faixa um curioso dueto bandolim / sintetizador ( este tocado por Luiz Poça, o último remanescente do grupo original que acompanhava Vieira desde os anos 70, Os Dinâmicos). Até então, a última vez que Vieira havia usado um bandolim numa gravação foi no disco "Melo da Cabra" em 82.  
                Já no ano de 2015, em  sua derradeira turnê nacional do disco "Guitarreiro do Mundo" (na qual os donos desse canal o acompanharam na banda base), Vieira retornaria mais uma vez ao repertório do disco de 1987. Nessa temporada de shows, Vieira teve a ideia de um "retorno" às suas "origens acústicas". Num set específico do show daquela turnê, Vieira saia da guitarra elétrica e num determinado momento passava a empunhar um cavaquinho (que o mestre carinhosamente apelidava de "o cavaquinho maluco") e  passava a solar as cúmbias do disco aqui comentado, entre outras.     
                E notem uma exclusividade carinhosa do nosso canal: o LP usado no vídeo contém a bela assinatura do mestre.

Por Bruno Rabelo

Músicas:
01- Bandolim Na Cúmbia 0:00
02- Cúmbia Da Saudade 02:55
03- Bola Preta 05:53
04- Reggae Do Galo 08:25
05- Velho Guerreiro 11:27
06- Vem Cá Meu Bem 15:40
07- Cúmbia Nacional 18:18
08- Africana 21:47
09- Lambada Dos Cabanos 24:34
10- Motorista Amigo 27:14
11- Tempo De Amar 29:59
12- Quero Matar A Paixão 33:07

Músicos Participantes:
Bateria: Roberto/Antonio Carlos
Contrabaixo: Zezinho
Guitarra Base: Cabral
Guitarra Solo: Vieira
Vocalista: Denis
Teclados: Luiz Poça
Percussão: Valdir Vieira / Elias

Ficha técnica: 

Produtor Fonográfico: Continental
Direção Artística: Wilson Souto Jr
Produção: Jesus Couto
Estúdio: Gravasom - 8 canais
Assistentes de Estúdio: Waldir/Almir /Leal
Arranjos: Vieira
Eng°.s de Gravação: Fernando Artur/Saulo/Billy Joe
Eng° de Mixagem: Saulo
Técnico de Editagem: Aquilino S. Filho
Supervisão de Corte: Milton Araújo
Foto: Manoel Nunes
Direção de Arte: Toshio H. Yamasaki
Assistente de Arte: Luiz Cordeiro
Paste-Up: Antonio Deliperi

domingo, 18 de março de 2018


"Aldo e Seu Conjunto" (1982):  o "disco perdido" de Aldo Sena.





                

Este é o primeiro LP solo de Aldo Sena, e ainda sem o sobrenome: é apenas "Aldo e seu Conjunto" (em mais uma referência direta a Vieira, é claro).  Foi gravado no Mix Som ( que depois passaria a se chamar estúdio Borges) em 1982, numa única sessão, em um dia apenas. Nesse período, Aldo ainda era integrante do grupo "Populares de Igarapé Miri", inclusive.  Esse LP ficou "perdido" (no anonimato) por muitos anos.  Uma explicação possível ( que me foi dada pelo próprio Aldo Sena) é que  ao ser gravado, demorou a ser lançado,  saindo praticamente junto do disco posterior  de 83.  E como esse segundo LP fez muito sucesso ( contém canções como Solo de Craque , Lambada Classe A , Lambada Complicada etc) ele ofuscou o primeiro LP. E outra curiosidade é que esse mesmo disco foi relançado com ordem de faixas alteradas e com outra capa e nome: é o disco de 1988, "Dance Lambadas ".

                 O disco é composto por lambadas, carimbós, boleros e bregas. As canções instrumentais  são os destaques do disco tais como "Ripa na Chulipa", "Som Magneto",  "Sinha Mariquinha no Salão", Meio Pau meio Tijolo e Melo do  Símico" e já mostram um Sena desenvolto nos solos (tinha apenas 23 anos na época!). E ainda que trouxesse referências do seu ídolo Vieira, ele  já começava a despontar como um guitarrista original.  Lembrando que depois de Vieira e Mário Gonçalves (irmão de Pinduca), ele é o terceiro nome mais importante da história da guitarrada. Duas faixas cantadas (pelo próprio músico) se destacam:  "Baila Combeira" (referência a cumbia? talvez...) e "Estrada sem Fim", com forte inspiração na Jovem Guarda. Sena usou no disco uma guitarra nacional da marca Snake, que consta na capa. E há um uso do pedal "phaser" , o mesmo usado no primeiro disco dos "Populares de Igarapé-Miri".   Segundo Sena, o disco foi gravado "na correria" e ele estando com febre (!!!), portanto, não pode estar na mixagem e nem verificar certos detalhes da gravação, como uma insistente guitarra base desafinada presente em algumas canções. Mas a "rusticidade vintage" da gravação acaba dando um sabor especial às músicas. Há uma "massa sonora" , um  vigor presente no álbum.   
                A descoberta desse disco  de 1982 é recente até para nós do canal. Em uma entrevista feita por André Macleuri junto a Sena em 2009, o músico se referiu ao disco mas de maneira confusa, não deixando claro quando e como foi gravado apenas disse que "fiz um disco que passou desapercebido", não dando mais muitos detalhes, na época da entrevista.  E mesmo em Belém , muitos não conhecem o disco, apenas as músicas. Importante relatar que  uma pessoa que nos ajudou a desvendar parte dessa história  foi o músico Givly Simons dos Figueroas, ele tem o LP físico.  Nosso amigo alagoano conhece a fundo a música paraense. Mas o dono do  LP usado aqui no YouTube vertido para mp3 é de um outro parceiro nosso: o amigo Antonio Barbedo, colecionador de discos raros antigos paraenses, de colações completas de Vieira entre outros guitarreiros, além de ser membro fundador  do Clube da Guitarrada aqui de Belém do Pará. Fica aqui nosso agradecimento fraterno a Simons e Barbedo.      

Por Bruno Rabelo

Faixas

Ripa na Chulipa 0:00
Som Magneto 03:30
Por um Amigo , Você me deixou 06:56
Sinha Mariquinha no Salão 09:59
A Menina do Waldir 13:05

Baila Combeira 16:05
Lamento de uma Guitarra 18:42
Estrada sem Fim 21:25
Meio Pau meio Tijolo 24:45
Melo do  Símico 28:02

Produtor Fonográfico: Fermata
Produtor Artístico: Jesus Couto
Coordenação geral: Jesus Couto
Estúdio: Mix Som
Técnico: Napoleão
Mixagem: Jesus Couto e Napoleão


Mestre Vieira tocando um Choro