Neste
disco, além das inspiradas lambadas , bregas e o sempre presente bolero, Vieira deu ênfase em um gênero latino que até
então não havia tido tanto destaque em
sua discografia: a cúmbia. No álbum de
1985, ele gravou "Vamos Dançar a Cúmbia", e essa era sua única referência explícita ao
ritmo, até aquele momento em sua carreira discográfica. Mas neste LP de 1987,
Mestre Vieira trouxe três temas instrumentais cujo os títulos se referem ao gênero: "Bandolim na Cúmbia", "Cúmbia da Saudade" e "Cúmbia Nacional". Uma motivação provável poderia ter sido o
sucesso do músico Nonato Cavaquinho no ano anterior (1986) com o disco
"Cúmbia Exportação" e o crescente interesse pelo público paraense
pelo gênero naquele período? Fiz um questionamento diretamente para Vieira
do porque do maior destaque das cúmbias especificamente nesse disco de
1987, e ele me respondeu sorrindo que
gravou o ritmo porque "gostava muito".
Há
outra característica importante presente
neste álbum a ser destacada: o uso do bandolim. Esse foi o primeiro instrumento de Vieira,
cujo aprendizado se deu na infância, em fins da década de 30. Até chegar na guitarra elétrica
definitivamente nos anos 70, o mestre passou por inúmeros instrumentos
acústicos como banjo, cavaquinho e violão . O Bandolim é utilizado nas canções "Bola Preta", na já citada "Bandolim
na Cúmbia" e no brega "Tempo de Amar". E nesta música temos mais
uma inovação de seu Joaquim Vieira: é o
primeiro brega instrumental com um
bandolim solista que temos notícia. E
ainda há na mesma faixa um curioso dueto bandolim / sintetizador ( este tocado
por Luiz Poça, o último remanescente do grupo original que acompanhava Vieira
desde os anos 70, Os Dinâmicos). Até então, a última vez que Vieira havia usado
um bandolim numa gravação foi no disco "Melo da Cabra" em 82.
Já
no ano de 2015, em sua derradeira turnê
nacional do disco "Guitarreiro do Mundo" (na qual os donos desse
canal o acompanharam na banda base), Vieira retornaria mais uma vez ao
repertório do disco de 1987. Nessa temporada de shows, Vieira teve a ideia de um
"retorno" às suas "origens acústicas". Num set específico
do show daquela turnê, Vieira saia da guitarra elétrica e num determinado
momento passava a empunhar um cavaquinho (que o mestre carinhosamente apelidava
de "o cavaquinho maluco") e
passava a solar as cúmbias do disco aqui comentado, entre outras.
E
notem uma exclusividade carinhosa do nosso canal: o LP usado no vídeo contém a
bela assinatura do mestre.
Por Bruno Rabelo
Músicas:
01- Bandolim Na Cúmbia 0:00
02- Cúmbia Da Saudade 02:55
03- Bola Preta 05:53
04- Reggae Do Galo 08:25
05- Velho Guerreiro 11:27
06- Vem Cá Meu Bem 15:40
07- Cúmbia Nacional 18:18
08- Africana 21:47
09- Lambada Dos Cabanos 24:34
10- Motorista Amigo 27:14
11- Tempo De Amar 29:59
12- Quero Matar A Paixão 33:07
Músicos Participantes:
Bateria: Roberto/Antonio Carlos
Contrabaixo: Zezinho
Guitarra Base: Cabral
Guitarra Solo: Vieira
Vocalista: Denis
Teclados: Luiz Poça
Percussão: Valdir Vieira / Elias
Ficha técnica:
Produtor Fonográfico: Continental
Direção Artística: Wilson Souto Jr
Produção: Jesus Couto
Estúdio: Gravasom - 8 canais
Assistentes de Estúdio: Waldir/Almir /Leal
Arranjos: Vieira
Eng°.s de Gravação: Fernando Artur/Saulo/Billy Joe
Eng° de Mixagem: Saulo
Técnico de Editagem: Aquilino S. Filho
Supervisão de Corte: Milton Araújo
Foto: Manoel Nunes
Direção de Arte: Toshio H. Yamasaki
Assistente de Arte: Luiz Cordeiro
Paste-Up: Antonio Deliperi
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