segunda-feira, 23 de outubro de 2017

PINDUCA VOL. 8





              Aurino Quirino PINDUCA Gonçalves possui impressionantes 36 discos lançados em mais de 50 anos de carreira. Mas foi na década de 70 que ele lançou os clássicos álbuns que lhe renderam uma notoriedade inconteste: ser considerado o "divisor de águas" da música popular feita no norte do país (sobre o momento histórico/social da música paraense anos 70 consultar o texto sobre o disco de Mestre Lucindo aqui do nosso canal).
                Natural de Igarapé-miri (terra de artistas renomados como Pantoja do Pará, Aldo Sena, João Gonçalves, Mário Gonçalves, Pim e Dona Onete), Pinduca lançou oito LPs fantásticos de 73 a 79. Neles temos uma representação cultural/social emblemática e na época inédita: o cruzamento da música interiorana tradicional aliada as sonoridades cosmopolitas da capital Belém do Pará.
                Importante ressaltar que a sonoridade coesa dos discos dessa fase (a maioria gravados em estúdios de SP e RJ) se deve não só a sagacidade de Pinduca como cantor, compositor e arranjador (experiência acumulada desde os anos 60 onde tocou percussão e bateria em diversas orquestras de baile na noite de Belém, entre elas a "Orlando Pereira"). O mestre soube também reger e escolher muito bem os músicos de sua banda base que atuaram nos discos dessa primeira década de carreira. Houve uma razoável rotatividade, porém estes instrumentistas deram contribuições essenciais às obras do rei do carimbó. Nos sopros tivemos Bemol, Benedito Palheta (ambos trompetistas), Pantoja do Pará e Santos (estes saxofonistas). Estes senhores eram os solistas do grupo, alternadamente nos discos. Vindos de orquestras de baile, bandas militares e de coreto do interior, os fraseados desses músicos se tornaram uma das marcas registradas no trabalho de Pinduca, complementando suas canções e trazendo um sabor único à sonoridade de seu conjunto.  Na bateria e percussão passaram pelo grupo os músicos João Batista, Libonate, Ronaldo Baia e Mauro do ritmo. Dani Gonçalves foi o primeiro contrabaixista e tocou nos primeiros cinco LPs.  Já nos quatro discos posteriores dessa fase ( vol 06 a 09) quem assume o baixo é Téo (cujo o apelido posterior seria "Théo Moreno" nos tempos da banda de rock Álibi de Orfeu e atualmente Black Théo). Nas guitarras participaram Mário Gonçalves (texto específico sobre ele e sua importância na música paraense publicado no blog e aqui no nosso canal), Dinaldo Gonçalves e Guru. Além de Sabá , nos vocais de apoio. Entre outros.
                No volume 08, além do seu consagrado carimbó elétrico permeando o disco, Pinduca e sua banda se aventuram num "colorido rítmico" levemente diferente em relação aos discos anteriores. Há ritmos como banguê , chá-chá-chá, marcha e finalmente um uso da lambada pra além de experiências com o samba: agora ela se faz presente em três canções como "Eh rapaziada", "Não Posso Mais" e na curiosa "Melô do Estivador" dos contraditórios versos "...já transformaram a Lambada em merengue...". Uma possível explicação para tal alusão podemos encontrar numa fala dada pelo próprio Pinduca que certa vez em um entrevista nos anos 00 disse ao repórter "nós vencemos o merengue no fim dos anos 60" se referindo ao ritmo caribenho como uma "invasão estrangeira" em terras paraenses. Contraditoriedades a parte, o fato é que o merengue é um dos ritmos caribenhos historicamente consagrados  em solo paraense desde os anos 50/60 e tido como ritmo base da própria lambada. Havia inclusive uma máxima local muito usada até recentemente na qual qualquer alusão a algo caribenho ou latino era logo classificada como "merengue", tamanha força e influência que o gênero dominicano  tem no norte do país. Um detalhe importante referente a formação da banda base que toca no disco também merece ser destacado: Esse é o único disco dos anos 70 onde Mário Gonçalves, o fiel guitarrista escudeiro e irmão de Pinduca, não participa. A guitarra que se houve no disco é unicamente de Guru, instrumentista que participará de outros discos do rei do carimbó posteriormente, além de ter atuado como músico de estúdio nos anos 80 e fundar nos anos 90 a "Banda Nova" (conjunto de carimbó que terá relativo sucesso tendo lançado três CDs). Neste disco, Guru, deixa sua marca. Há além das tradicionais guitarras rítmicas no estéreo, também alguns fraseados, ora tocados de maneira econômica (em duetos com os sopros de Bemol e Santos nas canções "O cavalo" e "Có-có-có-ró-có"), ora executados de um modo mais expressivo em canções como  "Não Posso mais" e "Linguarudo Falador" (nessa um ineditismo nos discos de Pinduca, com a total ausência de sopros na canção). E o grande hit de destaque desse disco é a clássica "Vai ao Pará , Parou" com sua letra "visual" aludindo uma tarde agitada típica no comércio de Belém do Pará, na beira da baía do Guajará:

"No Comércio é a agitação          
O Ver-o-Peso é uma parada!
Na rua sete de setembro
É apertadinho, camarada.

O buraco na  voz do dia
É um folclore popular!
Cumprimenta a tia Raimunda
E seu amigo particular.

Samba tem no "Quem são Eles"
E no "Rancho não Posso me Amofinar!" "     

A canção é cantada ainda nos dias de hoje por mestre Pinduca, e nessa gravação o solo principal é executado pelo grande trompetista ( já falecido) Bemol.  
Por Bruno Rabelo

P.S. : faço aqui um agradecimento público aos músicos paraenses Mg Calibre e  Patrich Depailler que me auxiliaram em dados "cirúrgicos" específicos do texto. Obrigado amigos. 

Ficha técnica

Vocal - Pinduca
Vocal de apoio - Sabá
Bateria - Ronaldo Baía
Guitarra - Guru
Baixo - Téo
Saxofone - Santos
Trompete - Bemol
Orgão - Cristovão

Produtor Fonográfico: Som Industria e Comércio S.A
Direção Artística: Paulo Rocco
Direção de Produção: Talmo Scaranari
Produção Executiva: Pinduca/ Talmo Scaranari
Coordenação artística: Roberto Ramos
Arranjos: Pinduca
Técnico de Gravação: Zilmar Araújo
Técnico de Mixagem: Zilmar Araújo
Técnico de Corte (masterização): Jorge Emilio Isaar
Gravado no Estúdio: DO-RÉ-MI em SP
Coordenação e supervisão: Impulso Marketing e Propaganda LTDA
Foto-capa: Ramon Rodrigues

LADO A
1. Eh Rapaziada 
2. O Cavalo (El Caballo)
3. Chá Chá Chá Do Pará 
4. Sereia 
5. Melô Do Estivador  
6. Disco Voador
LADO B
1. Vai Ao Pará, Parou  
2. Mensagem À Recife
 3. Rebu Do Ocrides 
4. Có-có-có-ró-có 
5. Não Posso Mais  
6. Linguarudo Falador 




quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Aldo Sena - Segundo álbum


Segundo LP de Aldo Sena, gravado no ano de 1984

Você pode BAIXAR
Ou ouvir em nosso canal do YOUTUBE

Músicas:

LADO A

1. BIG SHOW 
2. LAMBADA DO PAPAO 
3. JULIANA 
4. LAMBADA DO CAMPEÃO 
5. PARAÍSO 
6. GOSTO DE VOCÊ 

LADO B

1. SOLO DE OURO 
2. LAMBADA DO LEÃO 
3. MENINA DO CINEMA 
4. LAMBADA DO BOMBA 
5. FESTA DO AMOR 
6. TRANSFUSÃO DE BORDÃO 

Oseas e sua Guitarra Lambada brasileira 1989 (Completo)


LADO A
1. BRIGUEI COM MINHA NEGA 00:00
2. XOTE DA MOÇA 02:38
3. COADOR DELA 05:29
4. CHEGA PRA CÁ MEU BEM 08:32
5. LAMBADA AMAZONENSE 11:46
6. FORRÓ DO ARRASTA-PÉ 14:52

LADO B
1. MORENA LINDA 17:31
2. VOCÊ QUER UMA CHUPADINHA 20:03
3. LAMBADA BRASILEIRA 23:20
4. MERENGUEI EM PANAMÁ 25:41
5. FEBRE DE ENFERMEIRA 28:38
6. LAMBADA DA PESADA 31:45

LP digitalizado por A. Macleuri
Acervo pessoal de A. Macleuri
Você também pode baixar este disco AQUI

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Aldo Sena e Seu Conjunto - 1986 completo (full)



Depois de Mestre Vieira, Aldo Sena é considerado o segundo grande ícone da lambada instrumental. Motivos: técnica peculiar, virtuosismo e compositor inspirado. Com 38 anos de carreira, tem vasta discografia ( 14 discos , sendo 6 Lps solo nos anos 80) e ainda foi o "alter ego" "Carlos Marajó" mais profícuo, tendo gravado seis discos dos sete da série "Guitarradas" da Gravasom. Neste terceiro disco solo, lançado em 1986, há destaque para cinco canções instrumentais: as lambadas "Moscou no Embalo", "Melô do Halley", "Cercando o Frango" ( levemente inspirada na "Lambada pra Você" do Cantor PIM de 79) e "Beliscando a Lua", talvez a melhor canção do disco (uma espécie de "irmã" gêmea de "Melô do Halley"), além do bonito bolero "Preguiçoso" num raro momento de Sena executando "bends" (lembrando seu mestre maior, Vieira) . No carimbó "Ricardão", o solo é do emblemático saxofonista paraense Manezinho do Sax, que também participa de outras faixas. Em "Júlio e Nay" um momento inusitado: uma tentativa de rock estilo anos 50 cujo o refrão é "Julio e Nay, rock e reggae pra você!".
Por bruno Rabelo
LP ripado e digitalizado por André Macleuri

Ps:  Não tinhamos a capa e contra-capa originais, portanto, as fotos do disco que aparecem no vídeo foram copiadas do site Discogs, e estão em baixa qualidade.
Ps2:  As canções que abrem o lado A e lado B  (Moscou no Embalo e Agarradinho) contém "pulos" devido alguns arranhões presentes no LP.

Ficha Técnica Direção de Produção: Aldo Sena Estúdio: Gravasom - Belém PA Técnicos de gravação: Fernando Artur/Saulo Texeira Mixagem: Saulo Teixeira

Faixas Lado A
1. Moscou no Embalo
3. Melô do Halley
4. Mundo de Amor
5. Preguiçoso
6. Ricardão

Faixas Lado B
1. Agarradinho
2. Cercando Frango
3. Beliscando a Lua
4. Amor Perdido
5. Júlio e Nay
6. Amor de Belém

Solano e seu conjunto vol3 1986 completo


LADO A
1. QUERO TE VER SORRINDO 00:00 2. PRECISO TE VER 02:37 3. VEM AMOR 05:03 4. SUZI 08:14 5. SAUDADE DO PIAUÍ 10:46 6. POUT-POURRI (SOM DA NOITE) 13:40 a. (you are) my way of life b. The world we knew (over and over) c. Seul sur son étoile d. Il buono, il brutto, il cattivo (The Good, the Bad and The ungly) LADO B 1. MINHA CANÇÃO 16:54 2. DANÇA DO BLACK 19:35 3. IMPOSSÍVEL AMOR 22:18 4. MINHA NAMORADA 25:11 5. SOLO ROMÂNTICO 28:27 6. LAMBADA DA FARINHADA 30:56

domingo, 1 de outubro de 2017

Marinho Guitarra de Ouro - Melô da Pirâmide (full album)


Este disco traz a música “Melô do Apaixonado” (que pode ser ouvida AQUI), sem dúvida, um dos maiores hits da história da história guitarrada. Outra música que nos chama atenção é “Invocado” (que pode ser apreciada AQUI) por trazer melodias do solo de guitarra da famosa música do grupo Os Paralamas do sucesso: Alagados.
O álbum como um todo é bem interessante, possui apenas músicas instrumentais, consolidando, de fato, um “disco de guitarrada”. Melodias atraentes, guitarras e baixos bem afinados e guitarra solo com frases “limpas”, fazem de Marinho um músico bem versátil. Já a bateria de todo o disco é eletrônica, provavelmente eletro-ritmo de teclado. Infelizmente Marinho só gravou este disco de guitarradas, não sendo possível fazer maior observação sobre ele como um guitarreiro.

Antes de lançar este álbum, Marinho era integrante do "Solano e seu conjunto" e participou da gravação dos três primeiros álbuns deste, tocando guitarra, teclado e compondo. Sua última grande aparição na mídia foi pelo sucesso com o Brega “Rupinol” no início dos anos 2000. Infelizmente "Mário perneta" (como era chamado pelos amigos mais íntimos do seu meio musical) sofreu um acidente de automóvel e partiu para outro plano.

LP digitalizado e masterizado digitalmente por A. Macleuri

Vieira e seu conjunto Melô da Pomba 1989


11° disco de Vieira, "Melô da Pomba" (1989) foi o momento onde Vieira voltou a gravar no importante estúdio ERLA- Rauland agora renomeado para "RJ" (neste estúdio na década de 70 ocorreram registros históricos dos primeiros LPs de Pinduca, Verequete, Cupijó, Lucindo, Carlos Santos, Raimundo Soldado e do primeiro disco do próprio Vieira).  Após seis álbuns gravados no estúdio da Gravasom, foi no estúdio da RJ que Vieira registrou seus últimos discos na era analógica (além deste, "Lambadas e Cambará" de 1990 e "40 Graus" 1991). Este é o primeiro LP de Vieira onde percebemos o uso de uma bateria eletrônica (um pequeno indicativo de uma nova era que estava prestes a chegar na década seguinte na área musical: a transição do analógico para o digital). Destaco algumas faixas desse disco: "Guitarra de Aço" (onde em certos momentos é possível notar no fraseado virtuoso de Vieira uma nítida conexão com um dos seus ídolos, Waldir Azevedo), "Só Sei Amar", "Rainha" e o brega que encerra o disco, "Na Gafieira".

 Na capa deste disco temos uma representação simbólica tipicamente paraense e muito importante para a cultura local: uma "Aparelhagem". Segundo Vieira me relatou, esta aparelhagem pertencia a uma de suas irmãs. "As festas de aparelhagem", como o próprio nome diz, são festejos onde temos enormes caixas de som onde um ou mais DJs organizam a trilha sonora.  Estas festas no Pará foram importantes para a propagação da música caribenha (merengue e bolero - anos 60, cadence lypso - anos 80), brega e guitarrada (anos 80/90), bem como o gênero tecnobrega, que surgiu e propagou-se inicialmente pelas aparelhagens nos anos 2000.  Essas mesmas grandes paredes com aparelhos de som empilhados são encontradas em diferentes partes do mundo: no Maranhão temos as "radiolas", na Colômbia os "Pícos" e na Jamaica os "Sound System".  O seminal disco "Mestres da Guitarrada" de 2003 também tem em sua capa uma aparelhagem. Foi inspirada no "Melô da Pomba"? A resposta é: sim!

Ps: Na extrema esquerda da capa temos um filho de Vieira (bateria) e ao lado do mestre, agachado, está outro filho: Waldecir Vieira, que após alguns anos se tornou o baterista oficial da banda do pai, mas no disco está como percussionista. E Luís Poça (em pé a esquerda ) aparece como o único remanescente do antigo grupo de Viera, Os Dinâmicos
 Por Bruno Rabelo
 LP digitalizado por André Macleuri
LADO A

1. MELÔ DA POMBA
2. GUITARRA DE AÇO
3. NO SOM DO CAMBARÁ
4. CARINHANDO
5. PROGRAMADOR
6. SÓ SEI AMAR

LADO B

1. BEIJINHO DOCE
2. VAMOS DANÇAR O CAMBARÁ
3. PESCADOR
4. RAINHA
5. É BOM DEMAIS
6. NA GAFIEIRA

Mestre Vieira tocando um Choro